As Diferentes Dimensões de Realidade

Quando vemos filmes ou apresentações na web, em que uma lente começa focando a folha de uma árvore e vai ampliando a visão, como um microscópio, até revelar as moléculas e células da planta, e seus átomos, até chegar no interior atômico, mostrando as partículas elementares (elétrons, prótons e nêutrons) até aparecerem os quarks e seus subtipos, culminando num vazio; ou o contrário, que mostra a árvore e o local em que está, visto de cima, de um satélite, e o próprio planeta Terra, o Sistema solar, a nossa galáxia Via Láctea, seu grupo local de galáxias, o universo, até culminar num vazio de poeira cósmica ou de matéria escura; ficamos sem saber qual é a imagem daquilo que chamamos de realidade: o que é real? Como é nosso universo?

De fato, dependendo de quem olha e de onde olha e que lente usa, teremos sempre mundos aparentemente diferentes, mesmo que sejam realmente o mesmo. O que realmente conta não é propriamente a visão que tenhamos, e sim as leis físicas que explicam esta ou aquela aparência. Isto nos leva a perceber que a dimensão de micro e de macro são correlatas, dialogam entre si, falam uma mesma linguagem, pois a Mecânica Quântica e a Física Relativística supõem uma mesma concepção de matéria, espaço e tempo. Já quando tratamos da dimensão média em que vivemos e nos movemos, geralmente explicada e definida pela Física Clássica e suas leis, vemos que tal percepção de realidade contradiz as anteriores. Daí podermos afirmar que nossa realidade é aquela que melhor e com mais exatidão descreve os fenômenos físicos, independentemente de quais sejam, e quem faz isto, certamente, não é Isaac Newton. Assim, ousamos dizer que a Mecânica Quântica e a Física Relativística deveriam ser referenciais de realidade, até mesmo para a Filosofia.

Há sentido considerarmos o mundo em que vivemos, captado pelos nossos sentidos, como a única dimensão “verdadeira” e “real”? Não, porque não podemos perceber sem pensarmos, e quando pensamos, percebemos que podemos pensar o real de múltiplos modos e dimensões, e sob a ótica da distância de que olhamos. O mundo e nós mesmos somos o que pensamos que seja. E podemos pensar que somos animais que evoluíram, filhos de Deus, junção de DNAs, proteínas, órgãos, tecidos, moléculas, átomos, partículas, pura energia, enfim, podemos ser qualquer coisa. Assim também “nosso” mundo é feito de partículas girando tão rápidas que logram ubicuidade, somos feitos disto e vazio, mas um vazio atravessado por forças. E são as forças que dão forma às coisas, planetas e seres, que dão sentido e direção às ocorrências, que vão do passado ao futuro, como nós as vemos. Mas poderiam ser vistas fluindo ao contrário, no sentido oposto. Daí podermos especular: de que somos feitos? Que mundo é o nosso e quem somos nós? O que nos leva a concluir: somos vazio e forma, espaço-tempo e forças. Em suma: E = mc².

Considerando que o DNA é o todo em cada parte do ser biológico, por que com as partículas de matéria e o grão de poeira cósmica não poderia ser igual? Acredito na teoria de Bohm: o universo é holístico, o todo dele existe nele em cada parte.